Cavalo para mim
Não é vaidade e nem luxo
Pois foi de riba de um deles
Que nós queimamos cartucho
E se não fosse esse bicho
Nem existia o GAÚCHO!
Já cansei de patacoadas
De façanhas em rodeios
Já ri de falsos campeiros
Que montam potros de freio
Chega de brutalidade
De rasgar cavalo ao meio!
Nunca se monta num potro
Sem antes amanunciá-lo
Parceiro a gente conquista
Não prende a custa de pealo
Tem que respeitar um amigo
Que nos serve de regalo
Se até nossa independência
Foi feita sobre um cavalo!
Se criou solto nas praderas
Singrando um mundo de pastos
Empurrou até aqui o Rio Grande
Chantou fronteiras com o rastro
Que até o nosso mapa tem a forma
Da parte interna do casco.
Desde então homem e cavalo
Seguem nessa trajetória
Parceiros de lida e farra
Irmãos de dor e de glória
Um não vive sem o outro
E sem os dois não tem história!
Até Garibaldi um italiano
Maturrango sem debuxos
Mostrou que é muito mais fácil
Nos derradeiros repuxos
Agaucharem-se os gringos
Que agringarem-se os gaúchos!
Tenho no sangue tropilhas
De relinchos e cincerros
Sou gaucho vivo a cavalo
Entre manadas e perros
Com a mesma alma de potro
De Sepés & Martín Fierros!
Quem sou eu sem o meu cavalo?
Que será dele sem mim?
Talvez dois seres perdidos
A vagarem no capim
Dois tacaurus carcomidos
De aspa de touro e cupim
Pois quando morre um cavalo:
MORRE METADE DE MIM!
Se um dia eu me for pro céu
Peço ao meu Deus com quem falo
Se de novo eu voltar pra terra
Me dê o supremo regalo
De vir GAÚCHO de novo
Só pra encontrar meu cavalo!
~Juremir Machado Da Silva
Setembro vem ai.... Preparem-se gaúchos!
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